Viajar é uma ótima maneira de se manter conectado à Natureza. Seja a pé, de caiaque, de bicicleta, de moto, de carro, de avião, de ônibus… Não importa. Desbravar novos caminhos e seguir rumo ao desconhecido sempre mexe comigo. E é uma das coisas que me motiva e me deixa animado.
Meses antes de viajar – enquanto ainda estou definindo os lugares que quero visitar, quais caminhos vou seguir, programando onde vou dormir – já sinto como se estivesse lá. Eu posso passar horas, só olhando um mapa, tentando decidir por onde vou passar, o que tem de interessante, o que tem de difícil. Este exercício, por si só, já me deixa empolgado em relação a cair na estrada. Conhecer novos lugares, passar por ambientes e climas que eu nunca passei, tudo isso faz meu coração bater mais rápido.
Nem sempre as coisas saem como o esperado, apesar de todo o planejamento do mundo. E isto é incrível! Estar aberto a viver estas experiências, que no momento parecem o fim do mundo, formam as melhores lembranças de uma viagem. Como quando o meu carro quebrou no meio do Atacama e tive que tomar decisões difíceis junto com a família. Ou quando o rolamento do cubo da roda traseira da minha moto quebrou no chaco Argentino. Estas situações são as que deixam as lembranças mais vívidas em minha mente.
É claro que não são somente estas lembranças que guardo comigo. Ver o Everest de perto, cruzar a cordilheira dos andes de moto, mostrar a patagônia para os meus filhos, remar de caiaque em meio a golfinhos. São lembranças que vão ficar em minha mente para sempre.
Por este motivo eu estou sempre inventando alguma coisa, como alguns amigos me falam. Quando eu vou tirar férias, eles perguntam: “Vai como?”, pois cada momento eu escolho um meio de locomoção. Já fiz viagens de caiaque, bicicleta, moto, carro, a pé. E todas elas são únicas em sua essência. É cansativo quando viajo desta maneira alternativa. No geral, eu chego dessas viagens um caco. Passar 25 dias em cima de uma moto, 4 dias sentado em um caiaque, 8 dias em cima de uma bicicleta, ou caminhar 20 dias subindo até a 5mil metros de altitude não é algo trivial, mas é algo que vale a pena. No momento, por diversas vezes, eu me pergunto: “Por que eu resolvi fazer isso mesmo? Por que não estou sentado no sofá da minha sala descansando e vendo TV?”. Mas logo passa, e a cada ano após uma viagem dessas, quando eu lembro desses momentos, me sinto satisfeito. E me sinto mais preparado para fazer outras, mais intensas. Estas experiências criam uma perspectiva diferente do mundo. E é por isso que eu faço isso, para ter uma nova perspectiva.
Percorrer grandes distâncias por terra (ou pelo mar), me força a olhar tudo com mais calma. Consigo realmente perceber as mudanças de paisagens, de vegetação, de cultura. Os cheiros, as cores, tudo fica mais brilhante. Isto enriquece minha vida de uma forma diferente, e estou sempre voltando. Para sofrer, ou não…
E eu tenho certeza que se você se abrir para o inesperado, vai encontrar coisas incríveis no caminho, assim como eu. Estou compartilhando as memórias de minhas andanças para inspirar você a sair do conforto e experimentar um pouco a beleza que é estar do lado de fora.